domingo, 13 de fevereiro de 2011

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro

terça-feira, 26 de agosto de 2008

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Viana do Castelo.......Terra que me encanta!!!!!!!!

Quem te sonhou ó Viana?!...

Quem te sonhou, ó Viana
Criou o que de ti emana
E te fez nobre e singela?!
Só pode ser quem te ama
Quem sempre te aclama
Ou não foras sempre tão bela!

Quem te deu tamanha glória,
E te fez ficar na história
Com a linda caravela?!
Tão grande é a vitória
Que jamais sairá da memória
Como foras pura donzela!

Quem te fez crescer assim
Envolta nesse jardim
De natureza criado?!
Eu direi de mim para mim
Só arte divina, só sim
Te pode ter edificado!

Quem te sonhou ó Viana
Tão fina como a filigrana
Luzente como o seu ouro?!
Possante como a porcelana
Com nobre moldura humana
- Por tudo és um tesouro!

Terra plena de ternos encantos
Céu azul, e com verdes campos
De um terminar quase sem fim!
E em todos os teus recantos
Há magia, e eles são tantos
Quem pode ter sonhado assim?!

Tu tens rio, também tu tens mar,
Tu tens montanhas de encantar
Que se perdem no horizonte!
Quem quiser por ti passear
Nunca mais vai poder parar
Tal a sede de que és fonte!

És cidade monumental
Tão perfeita e magistral
Para quem quiser aprender,
Aquilo que é essencial
Um saber muito natural
Que feliz faz sempre viver!

Agradecer ao nosso quinto rei
De Portugal, é o que eu farei
Por esta terra, por todos nós!
Como o fez, isso eu não sei
Mas o foral foi a sua lei
No rio Lima, na sua foz!

Com este poema singelo
Que por simples sempre nivelo
Com um sentimento profundo,
Pois não há nada de mais belo
Que esta Viana do Castelo
Conheça-se ele todo o mundo!

Tu és a cidade encantada
Seja dia ou seja madrugada
Em cada rua e em cada praça!
Tu tens em cada fachada
Uma pérola bem adornada
Que com surpresa me abraça!

Desde a montanha até ao rio
Um enorme e vivo desafio
E ninguém o pode perder!
Cada passo que eu delicio
Cada vez mais eu desconfio
Que ficou muito ainda por ver!?

Do redondel até à praia norte
Tudo se sente que nos reconforte
Sejam sons, olhares, ou odores,
Pois aqui tudo é muito forte
Ou não fosse esta terra de sorte
Moldada pelos pescadores!

Nas ruelas do histórico centro
Por entre elas eu sempre só entro
Se tiver muito tempo, enfim,
Porque nelas eu me reconcentro
E após eu estar lá dentro
Perdido eu fico de mim!

Museus e igrejas também
Preciosidades aqui e além
Oh! Cidade tão palaciana!
Tens em todo este vai e vem
Uma imagem que a vista retém
Junto à estátua de Viana!

Quem te sonhou talvez já saberia
Que alguém por ti interviria
Lá mesmo juntinho do céu!
Bendita Santa Luzia
Sempre ela te abençoaria
Cobrindo-te com o seu véu!

Só sabe quem lá subiu
Aquilo que descobriu
E jamais o esquecerá,
Porque tudo o que sentiu
Ao ver aquilo que viu
Por palavras não se dirá!

O poeta disse um dia
Que ao olhar o que de lá via
Não podia se expressar…
…Era tanta a poesia
Que só uma coisa sentia:
- A vontade de chorar!

A cidade, o rio, o mar
Até onde a vista alcançar
Com praias e serras também!
As cores moldam o olhar
E o tempo parece parar
- Celestial imagem detém!

No regresso fica uma mensagem
Ditada por aquela paisagem
Que sempre nos faz recordar…
Façamos qual for a viagem
Ao vermos aquela imagem
A Viana nos sentimos chegar!

Quem te sonhou com tradições
Que enchem os nossos corações
Pois com todas tu agradas!?...
São muitas as tentações
Que trazem recordações
Sejam profanas, sejam sagradas!

Com o cantar das janeiras
Começam as festas e feiras
Que o ano preencherão,
Com gentes hospitaleiras
Por romarias inteiras…
Todos os dias de verão!

Quem não viu já dançarina
Tocada pela concertina
Num qualquer dos teus terreiros,
Dançar sempre em repentina
“A saia da Catarina”
Alegrando os forasteiros?!

Por todas as igrejas, capelas
Procissões, às vezes de velas
Alimentam pessoas com fé,
Todos podem participar nelas
Ou pôr as colchas sobre as janelas
Em redor das ruas da Sé!

Maravilhosos cestos floridos
De flores naturais coloridos
Com arte eles foram criados,
Por todos muito seduzidos
Sobre a cabeça são trazidos
Por minhotas, bem equilibrados!

Mas se há uma romaria
Onde nunca falta a alegria
E toda feita de tradição,
É a das festas da Agonia
Onde uma enorme euforia
Se impõe sempre em cada verão!

Gigantones e cabeçudos
Menores ou até mais graúdos
A ensurdecer com seus bombos,
Mais graves ou mais agudos
Todos aplaudem, até os miúdos!
- E não param na praça os pombos!

E no bairro dos pescadores
Em cada mesa há sabores
Dos mais merecidos banquetes,
Porque nas ruas todas as cores
Transformaram a noite em flores
- Que lindos que são os tapetes!...

…Para a Senhora passar
Após sua ida ao mar
Nos barcos – qual o mais enfeitado!?
Todos a querem saudar
Ou não fosse ela a guardar
Cada qual que ande embarcado!

E o cortejo da mordomia,
Do traje, e etnografia!
- Mas que festa tão grandiosa!
Com folclore de noite e de dia
Arraiais, pirotecnia!…
…Cachoeira grande e luminosa!

Quem te sonhou nesse Minho
Fértil terra e verde vinho
Lavradeira tão tradicional?!
Trajes, todos eles de linho
Para Santiago, és um caminho
Enriqueces todo Portugal!

Regionais linhos bordados
Artesanais, são fabricados
Para belas recordações,
Com muitas cores adornados
São azuis e são encarnados
São flores ou são corações!

Parte integrante do folclore
Loiça útil ou que decore
Planta fresca e balsâmica,
Pois quem dela se enamore
Em cada peça comemore
- Viana, a regional cerâmica!

E nas doces degustações
Saborosas são as sensações
Em cada sabor saboreado,
Quem sabe quais são as canções
Que embalaram todos os serões
Em que esteve o poeta Amado!?

Cada conta é a candura
De um ouro que sempre perdura
Seja qual seja a ladainha!
Cada pendente é a ternura
Por cada amada, a loucura
Todas com brincos à rainha!

Quem te sonhou junto ao mar
Por todo o mundo a navegar
Em ondas e águas mil?!
Quem quer ainda embarcar
Mesmo que só para recordar
Subindo a bordo do Gil?!

Quem criou as tuas raias
Transpô-las pelas alfaias
Lutou por ti sem temor?!
Quem se enfeitiçou porque saias
Do sol poente nas praias
Amou-te com todo o amor?!

Encontros de viajantes
Festivais emocionantes
Cultura para promover,
As terras mais fascinantes
Nem todos os diamantes
Unidos, conseguem ser!

Quem cantou a tua vida
Eloquente e destemida
E aos poetas deu voz!?
Só a nossa Amália querida
Para cantar foi ela nascida
Foi a voz de todos nós!

Quem te sonhou ó Viana
Com sangue que não engana
Como engana a fantasia?!...
Toda a gente declama
E sempre te proclama:
- Ó meu amor de algum dia…

Rosa Flor.....Rosa Mulher

Uma rosa me dá o aroma
E espinho que provoca dor,
Outra Rosa que põe meu peito em chamas,
Faz-me feliz por me dar amor.

Da rosa suas pétalas macias,
Lembra-me a pele do meu bem.
Quando eu a beijo em momentos de carícia,
Sinto então o aroma que a rosa tem.

Rosa flor, Rosa mulher!
Da rosa flor o seu odor,
Da Rosa mulher o seu bem querer.

Aqui, ali e aculá, é sempre rosa,
Mulher ou flor
Tema eterno de verso e de prosa!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sexta - Feira

Sexta Feira.......
Sinto-me cansado! cansado de tanta hipocrisia, cansado de tanto egoísmo, cansado de tanta falta de educação, cansado de tanta imcompetencia, cansado de tanta aldrabice, cansado de ver um país a afundar-se, cansado de ver tanta miséria escondida, cansado de nao fazer nada por mim e pelos outros, cansado de olhar para o meu umbigo, cansado de me passarem por cima, cansado ......cansado...
Mas amanha é Sabado...e em principio vou ver o mar!!!!!!!
E aí toda a energia se renova, toda a minha luz se altera, e tudo fica bem.........para mais uma semana
Bom fim de semana, amigos

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Mar..........que saudade

Tarde no mar

A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

Florbela Espanca

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Encontra-te Portugal......outrora Senhorial

Regresso

E contudo perdendo-te encontraste.
E nem deuses nem monstros nem tiranos
te puderam deter. A mim os oceanos.
E foste. E aproximaste.

Antes de ti o mar era mistério.
Tu mostraste que o mar era só mar.
Maior do que qualquer império
foi a aventura de partir e de chegar.

Mas já no mar quem fomos é estrangeiro
e já em Portugal estrangeiros somos.
Se em cada um de nós há ainda um marinheiro
vamos achar em Portugal quem nunca fomos.

De Calicute até Lisboa sobre o sal
e o Tempo. Porque é tempo de voltar
e de voltando achar em Portugal
esse país que se perdeu de mar em mar.

Manuel Alegre